sábado, 21 de outubro de 2017

UM COMÍCIO POLÍTICO EM SANTO ÂNGELO EM 1922

Contei em artigo e livro anterior que, , quando,, Assis Brasil veio a Santo Ângelo em campanha política para eleição ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul, nosso avô Major Quirino Nunes Pereira, então delegado de Polícia de Santo Ângelo, garantiu a presença armada do piquete dos companheiros de Pedro Arão, vindos de Giruá, na no Quadro da Viação Férrea na recepção e chegada de seu chefe político, pois, o Coronel Bráulio de Oliveira exigira que ele fosse desarmá-los por ser uma ameaça à ordem pública, ao que ele se negara peremptoriamente, de vez que todo mundo andava armado...
À noite aconteceu um comício político em favor da candidatura de Assis Brasil, na frente do sobrado dos Birma de fronte ao Clube Gaúcho, em apoio de sua candidatura ao Governo do Estado. Enquanto os oradores se sucediam, um médico italiano aqui residente de cujo nome não me lembro,entrou á toda velocidade no meio da multidão com sua carruagem.Parou desceu e disse em altos brados gesticulando:È MENTIRA !  Imediatamente, os ânimos se exaltaram e os revólveres dos presentes  reluziram na note. Meu avô Quirino Nunes Pereira, que estava num baile no Clube Gaúcho com sua família, foi chamado às pressas para contornar a situação.
Subindo no Palanque, e, usando da palavra com sua presença austera, postura e personalidade patriarcal e calma, conseguiu acalmar os ânimos, fazendo com que todos baixassem suas armas colocando as nos coldres e o comício fosse normalmente retomado ate o seu final.
No outro dia ele foi à gare da viação férrea, assistindo e garantido de longe, com a sua presença o embarque desse Assis Brasil. Este perguntou a outros lideres partidários seus quem era este delegado de policia, de vez que numa ditadura às vezes se encontrava uma autoridade imparcial...
Passaram-se os anos e formou-se uma amizade. Quando Assis Brasil aposentou se, o convidou para ir ao seu palacete de Pedras Altas e ajudar a montar sua biblioteca.

Desse pequeno convívio surgiu uma grande amizade.

DISTRITO DO LAGEADO DO CERNE


Foi fundado em 1942. É um distrito relativamente novo. Limita-se ao Sul com o distrito União, antigo São Pedro e Independência, ao Norte com Boca da Picada e Cristo Rei, Ao Leste com Lajeado Miquim, Ao Oeste com Linha do Campo e Sete de Setembro.
Seis Quilômetros de extensão Norte e Sul.
Quatro Quilômetros de extensão Leste e Oeste.
Em 1921 tinha 16 famílias pioneiras, são elas:
*Avelino Giovelli
*Santo Giovelli e Guilhermina, avós do Dr. Salomão
*Benjamin Gioveli e Arcanjo Gioveli
*Isidoro Giovelli
*Ludovico Gavilbr
*Família Coletto
*Família Pedro Romano
*Família March
*Família Colovini
*Família Brutt
*Família Righr
*Família Gelatti
*Família Rossini
*Família Bizonin
*Família Calegare
*Família Fabrício
*Família Bolzam
Famílias mais antigas como Mello e Corim.
Num pequeno prédio funcionava escola e igreja.
Em 1964 construíram igreja e clube.
Em 1992 construíram Ginásio e quadra de esportes, fundadas por Luiz Bolzan.
Mantém um Ginásio até a oitava série, de nome Sagrada Família.

As  famílias que formaram o distrito vieram todas de Silveira Martins, Cachoeira do Sul, Faxinal do  Soturno, Jaguari, Valle Venito e Ivorá.
Em 1977 houve a festa dos 100 anos de imigração Italiana.
Em 1991 houve a Festa de 114 anos, também, da Imigração Italiana, coordenada por Luiz BolzaN. Presença de seis mil pessoas. Missa rezada em Italiano com o conjunto de coral de Valle Venito, coordenada pelo Padre Marcuso.
As primeiras produções de Horti Granjeiros: Uva, queijo, ovos, galinha, porcos e seus derivados.Trocados todos por tecidos, remédios, querosene, sal, etc.,trazidos de carroça para a cidade, para a troca.
A comunidade se reunia em bailes e festas em casas de família e clube. Faziam Trocas de visitas.
Faziam Serenatas com músicas e cantorias que saiam com lampiões e que também, se iam a visitas noturnas aos visinhos.
Para chegar lá se vai pela estrada de Giruá eCerro Largo , entrando por um corredor à esquerda da faixa.
Este é o Distrito de Lageado do Cerne que eu conheci, e, muito visitei e trilhei  vendendo adubo e calcário há 60 anos atrás, por estradas de chão poeirentas  no verão e com atoladores no inverno.


SÃO LUIZ GONZAGA - BERÇO DA COLUNA PRESTES

Era uma pequena cidade na fronteeira com a Argentina .Sem luz, sem água potável, sem exgoto, poeirenta no verão, barrenta no inverno.Sem boas estradas com ligação com outros centros, sem  linhas de estrada de ferro. O único meio de comunicação era o telégrafo..
Foi uma Missão bastante próspera, que com a expulsão dos jesuítas  teve um arrasamento total.Poucas   famílias continuaram ali morando.Bem  traçada por quadras  bem dimensionadas, somente após a instalação do 3º RCI  do Exército , começou a ter algum desenvolvimento.Era um local e um propício para  se formar um movimento revolucionário.Nada havia a perder,pois, ninguém lhe dava nada.Era uma cidade esquecida dos poderes públicos.Por outro lado, o Brasil vivia uma época difícil, de grande crise econômica e política. O Governo Artur Bernardes governava com Estado de Sítio para mascarar a crise política, com ordem e horário de recolher. Era apolítica do Café com Leite, como disse em outro artigo.
Um levante militar do Forte de Copa Cabana, onde morreram os “18 do Forte”,sobrevivendo somente Eduardo Gomes e Siqueira Campos.Os oficiais revoltosos foram espalhados pelo Brasil,,inclusive os irmãos Távora,Cordeiro de Farias e João Alberto,Luiz Carlos Prestes e muitos outros.Eles se reencontraram no interior do Pais, principalmente em Santo Ângelo São Luiz Gonzaga e Uruguaiana e São Borja.
Os maragatos, descontentes com os resultados das Revoluções de 1893  e 1923 aderiram ao movimento,pois, era a oportunidade de derrubar o Governo de Borges de Medeiros e o governo presidencialista federal.No 3º distrito de São Luiz Gonzaga,Boçoroca,e em  Santo Antonio das Missões,então pertencente a São Borja havia um grande número deles..
Os novos oficiais desgostosos com a situação nacional e com idéias de modernidade  política,se entusiasmaram e adotaram os ideais para seu movimento.Deram 1.000 homens civis e 1.500 militares.O Regimento 3 º RCI de São Luiz Gonzaga, o 2º de São Borja , o 5º de Uruguaiana e o Batalhão Ferroviaário de Santo Ângelo num tota de 1.500 homens militares.
A estação ferroviária mais próxima era Tupanciretã distante 100  Km. De São Luiz Gonzaga..O  Capitão Luiz Carlos Prestes encontrou um lugar ideal para deflagrar a sua Revolução.Uma cidade isolada de tudo e na Fronteira.Um local de difícil acesso  para os 14.000 soldados do Círculo de Ferro atacarem e esmagarem a pequena força revolucionária.Era um banho de sangue previsível.Dos que foram até a Bolívia não muitos voltaram até Boçoroca e Santo Antonio.Notadamente Sesefredo Aquino e Luiz Fagundes.
Em 29 de outubro de 1924 estourou a revolução em São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo, no centro do Estado e outros lugares.A maioria das unidades falharam, ficando somente o Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo,3 ºCI de São Luiz Gonzaga,2º de São Borja, 5º de Uruguaiana e civis maragatos dessas três cidades e da Fronteira.Na zona missioneiras todos os caudilhos  civis frente aos seus regimentos aderiram ao movimento.
Como não tinham uniformes suficientes para todos  , os civis usavam uma fita vermelha  no chapéu , como indicativo de que eram revolucionários.
Permaneceram durante dois meses em São Luiz Gonzaga, mantendo muito bom relacionamento com a população  ,fazendo muito boas amizades.
Prestes, vendo um cerco iminente que se fechava, com o falado Círculo de Ferro,constituído por sete forças militares estacionadas em torno de São Luiz Gonzaga em diversas cidades,(só uma delas seria suficiente para enfrentar os revoltosos)procurou um ponto fraco para rompê-lo.Encontrou-o na travessia do Ijuisinho, onde havia somente um Corpo Provisório comandado pelo Coronel Bozano, que foi morto e derrotado.Seguiram enfrente em direção ao Rincão da Ramada.Ludibriaram as forças governista simulando um ataque à Tupanciretã, onde morreram dois irmãos do Coronel Sizefredo Aquino, por uma parte da tropa e seguindo com a maior parte do contingente para São Miguel e depois rumando para o Entre Ijuis acampando com todo o efetivo no Passo do Camilo antes de seguir enfrente.Durante duas noite e dois dias  marcharam entre duas colunas governistas, passando por picadas abertas pelos colonos de Ijuí ,sendo a principal a que vinha de Tupãnciretã, atraída para São Luiz  Gonzaga  .Após derrotarem o Cel. Bolzano e travar o grande combate da Ramada seguiram em frente ,passando pelos municípios de São Miguel,Ijuí,,Campo Novo, Alto Uruguai,Tenente Portella,Derrubadas,Pinheirinho do Vale,Vicente Dutra, atravessando o rio Uruguai,, seguindo por matas espessas de Santa Cataria e Iguassú.

Quando as tropas do Círculo de Ferro  com 14.000 homens chegaram em São Luiz Gonzaga,, não encontraram mais nenhum revolucionário... Foi o maior fiasco da estratégia militar governista,,o qual eles reconheceram e ficaram encabulados....Á esta altura dos acontecimentos , a Coluna Invicta já estava 150 a 200 Km de distância,,, rumando para o norte do pais.

O CAPITÃO LUIZ CARLOS PREESTES E SUA COLUNA INVICTA


Quando há mais de setenta anos li a obra de Jorge Amado “O Cavaleiro da Esperança” passei a admirar, memorizando tudo o que tomava conhecimento a respeito da trajetória de Luiz Carlos Prestes por nosso  pais O que aqui escrevo é um resumo do que li e o que tomei conhecimento oral e pela informação popular daqueles que aqui viveram naquela época. 
Vivemos durante sessenta anos numa democracia coroada, num regime de governo parlamentarista dirigida por imperador probo, culto, capaz, com grandes qualidades pessoais.
         Conduzida por uma minoria de militares e civis, numa revolta, foi proclamada a República num flagrante Golpe de Estado, impondo ao povo brasileiro uma republica presidencialista, contista, e centralizadora. Uma verdadeira ditadura por quatro  anos ,a prazo fixo. Para o povo poder mudar o governo, somente com impeachment ou golpe de estado. O mais inoperante e incapaz que esse governo seja,  não poderá ser substituído antes de quatro anos. O povo não assimilou essa mudança de governo à principio. Veio, então, a sangrenta  Revolução de 1893, tentando restabelecer o parlamentarismo e regime federativo, lamentavelmente derrotada.
A população ficou à espera de uma verdadeira revolução que restabelecesse a democracia e bons costumes políticos. Mas foi em vão. Veio a política do café com leite, segundo a qual o presidente era um paulista num período e no outro um mineiro, e , assim sucessivamente.
Formou- se  uma plêiade de oficiais novos que queria modernizar a política do Brasil, eram “os tenentistas” que em 1922 tentaram derrubar o presidente Artur Bernardes. Foram  derrotados e espalhados pelo Brasil a fora.
O capitão Luis Carlos Prestes, que era um deles, foi transferido, para fiscalizar a construção dos quartéis de Santo Ângelo e Santiago do Boqueirão e comandar o Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo, que estava construindo a via férrea de Santo Ângelo a Santa Rosa. Chegando aqui nos anos de 1922 a 1923.
Inicialmente parou no Hotel Avenida  no quarto número 29, ao qual, quando ele chegava do quartel à cavalo, ao qual ele seguia. Depois foi morar numa casa de madeira do Sr.Morais na rua Marechal Floriano. Integrou-se e prestou muitos serviços à comunidade santo angelense    Pessoa ética, séria, que respeitava e despertava respeito à comunidade, além de comprovar ser um ótimo patriota .exímio militar e estrategista.Transmitia esperança e admiração aos cidadãos.Todos os que conviveram com ele, que eu conheci, só falavam de bem dele, até nossos dias.
Meu pai o admirava, meu avô o respeitava,  o senhor Ernesto Jung o tratava com dignidade e contava fatos ocorridos com ele O Senhor Assis Brandão o adorava.O compadre de meu pai Janguta  Aires da Silva,fazendeiro de Ijuí foi capitão de suas tropas,chefiando os revolucionários  daquela cidade,e, o acompanhou até a Bolívia.O Sr .Miguel Lemos, marido da professora Zelina Monteiro contava muitas histórias. Enfim,a  minha geração se criou  admirando e quase cultuando a figura de Luiz Carlos Prestes – “O Cavaleiro da Esperança”, de quase um povo inteiro.Muitos comerciantes daqui e de São Luiz Gonzaga , cujas mercadorias ele requisitava em nome da Revolução, passando recibo para devolução futura, não se queixavam muito do prejuízo, porque admiravam a sua causa.  Conquistou a maioria da opinião pública, principalmente pela sua postura e marcante personalidade Sempre voltado para o bem público.
Instalou a sede do Quartel do Batalhão Ferroviário na Travessa Mauá, encima de um barranco.
Trouxe de Ijuí e instalou a rede elétrica da cidade de Santo Ângelo, para o Sr Joaquim Rolim de Moura. Fez estudo e projeto para a Usina do  Ijuisinho , também, para o Sr. Quinsote. Este quase a instalou totalmente construindo a casa das máquinas e os túneis  faltando somente a barragem ,etc., devido a encampação pela Prefeitura não foi concluída.Construiu a escadaria de acesso a gare da Viação Férrea.Construiu o ramal ferroviário de Santo Ãngelo a Comandai .O pai de Gentil Aristeu de Souza,Teodomiro Aristeu de Souza , construiu as cercas  dos dois lados dos trilhos em todo esse percurso.Fez o projeto do Colégio Elementar.Sempre assessorado pelo Tenente Portela,alfabetizaram todos os soldados e funcionários do Batalhão Ferroviário.
Iniciada a revolução em São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo na madrugada de 29 de outubro de 1924. Estabeleceu uma Linha defensiva numa barroca existente perto de onde hoje está o Supermercado Pague Menos com um grande contingente de soldados armados com taquaras de bambu em vez de fuzis..., conforme me informou o  Sr .Miguel Lemos.O Coronel Quinzote atacou com 200 provisórios bem armados, porém,do alto,vendo aquela grande tropa entrincheirada ao longo da barroca, parou,pensou, e, deu em retirada.
O comando da Revolução era aqui em Santo Ângelo  ,embora houvesse um braço na Fronteira comandado por Honório Lemes e outro no centro do Estado comandado por Zeca Neto.
Atacaram Ijuí de trem para obter reabastecimento. Tiveram de voltar de ré, porque os defensores foram avisados de que seriam atacados. O comunicado foi por telégrafo , dado por uma menina filha do estacionário  .Os governistas montaram duas linhas de fogo aos   dois lados dos trilhos e os atacantes ficaram sem ação dentro dos vagões.
Como ponto estratégico da Revolução, o Capitão Luiz Carlos Prestes, então, elevado ao posto de General da Revolução, mandou ocupar a ponte do rio Ijui Grande, deixando o comando e guarda do trecho até o Ijuisinho  com o Coronel Pedro Arão.Foi a última vez que este lutou como um comandante  da Revolução.
Foram atacados pelo oitavo Regimento de Caçadores de São Leopoldo ,mais os dois             regimentos de Provisórios,o 28 e o 29, uma força três vezes superior.Mandou o comandante do Regimento de Caçadores matar os cavalos em número de 600, para obrigar a luta ser a pé na ponte. Vendo-se perdido, Pedro Arão rompeu o cerco e seguiu com o seu sétimo de cavalaria em retirada para São Luiz Gonzaga.
Esse foi um combate decisivo para os rumos da Revolução. Reuniram-se muitos chefes da mesma, tais como Cordeiro de Farias,  Juarez Távora, Tenente Portela,Zeca Neto Honório Lemes em São Luiz Gonzaga. Decidiram seguir para o Norte para se encontrarem com as forças de Isidoro Dias Lopes e General Miguel Costa.          
 Pedro Arão pediu a Prestes que o liberasse de sua palavra de honra de seguir com sua Coluna, pois sua revolução estava perdida, porque não tinha o apoio das mulheres, como ocorreu na Guerra dos  Farrapos , onde o apoio das mesmas foi decisivo para sua manutenção.( as mulheres de Giruá seguido vinham pedir o retorno dos maridos para dar assistências às famílias e aos bens).Pedro Arão retornou então com seu batalhão para Giruá.
ROMPENDO O CIRCULO DE FERRO
O Estado Maior das forças governistas organizou  um “ círculo de ferro” para sitiarem as forças revolucionárias e obrigá-las a atravessarem o rio Uruguai  e emigrarem para a Argentina, criando o cerco com varias unidades do Exército,Brigada Militar, Forças Provisórias, forças da Baia e de São Paulo, estabelecidas em São Borja,Santiago, Tupanciretã , Cruz Alta, Santo Ângelo e Palmeira das Missões, formando o círculo de ferro , o qual, um simples golpe de tática , cortou no momento em que ele estava preparado para o aperto final no dia 30 de dezembro .Cada um desses destacamentos  deveria ter mais de 2.000 homens num total de 14000 soldados.Os revolucionários deveriam ter 1.500 homens.Com a disposição dessas forças,  estava sitiada a zona dos revolucionários.Seria a marcha combinada sobre São Luiz Gonzaga.
Prestes que era sempre bem informado sobre o movimento dos inimigos, teve conhecimento desse  plano ,e, no dia 27 de dezembro abandonou aquela cidade indo acampar em São Miguel.Uma parte da Coluna havia simulado partir para Tupanciretã ,colocando fogo no campo, despistando, seguiram para o Entre Ijuis, reunindo-se ao restante das Forças no Passo do Camilo, onde acamparam antes de baldear o rio, antes de iniciarem a grande marcha.
O Coronel Luiz Caros Prestes procurou passar pelo lugar onde o cerco estava menos guarnecido e, sem dar um tiro ,e, sem se fazer notar.Quando as forças governistas invadiram São Luiz Gonzaga, lá não havia nenhum revolucionário.
O COMBATE DO ARROIO CONCEIÇÃO
Precisando reabastecer suas tropas Prestes resolveu atacar a Vila de Ijuí. Os governistas estabeleceram a sua resistência na ponte do arroio Conceição, sob o comando do Cel.Dr. Bozano.  Este combate teve grande importância para o desenvolvimento da guerra, pois, forçou os revolucionários a procurarem logo o rumo do Norte, partindo para o Rincão da Ramada  em Palmeira das Missões.Nesse combate a cavalaria revolucionária de São Borja teve grande atuação.
O COMBATE DA RAMADA
Narrada por João Pinto Ribeiro, integrante  do décimo  sexto Corpo Auxiliar da Brigada Militar,ou Força Provisória , ao seu sobrinho Osório Pinto residente em Santo Ângelo.
Após o insucesso do ataque à Vila de Ijuí as forças da Coluna Prestes rumaram à costa do rio Uruguai, acampando num capão de mato  em Rincão da Ramada, entre Ijuí e Palmeira das Missões.Ali foram atacadas pelos provisórios do 16 Corpo Auxiliar da Brigada Militar vindo de Independência, Esquina Schotz, onde estavam acantonados.
O combate foi violento.  Homens e cavalos tombaram mortos numa lagoa que ficou tinta de sangue.
Em dado momento terminou a munição  .Frente a frente,  as forças contrárias.Chico Taborda, figura popular de Santo Ângelo e de Giruá, pela sua valentia nos combates, com apenas 15 anos,montado num burro, vinha distribuindo a munição racionada: apenas um pente de balas para cada soldado.Uma bala atingiu sua montaria que caiu mortalmente.Não  titubeando  ,colocou a sacola de munições nas costas e continuou seu trabalho a pé...
Durante o combate, quando  a artilharia vomitava suas granadas uma foi cair próximo ao comandante, que do alto de uma coxilia acompanhava o desenrolar da batalha.Prestes para tranqüilizar seus oficiais, disse que era uma cortesia dos governistas, que queriam festejar seu aniversário que transcorria naquele dia..
Terminada a munição, deram ordem de calar as baionetas e enfrentar na marra o que desse e viesse.
Quando estavam frente a frente com o inimigo, de baionetas caladas, para o combate direto e decisivo, chegou em  socorro das forças provisórias o 18 Regimento de Brigada Militar comandada pelo Cel. Claudino Nunes Pereira(meu tio), que os tirou do aperto.Uma tropa bem armada e com mais de2000 homens.Deram ordem de retirada.Os outros, da Coluna Prestes, também se retiraram.
Prestes, mais uma vez  dando provas de ser um gênio de guerra, botou fogo no campo,e, escapou com sua tropa, por traz da fumaça, partindo do capão de mato.A Brigada avançou, mas, não mais o encontrou.Ele havia rumado para o rio Uruguai,onde em sua trajetória morreu o seu companheiro inseparável  – o Tenente Mário Portela Fagundes.
SÍTIO DE BATALHA DA COLUNA PRESTES E TÚMULO DO TENENTE PORTELA.
Encurralada e acampada em Alto Uruguai Prestes com sua Coluna precisava  encontrar uma saída para o Estado de Santa Catarina, atravessando o rio Uruguai. O tenente Mari o Portela foi encarregado de achar um caminho para a travessia  do rio Uruguai,e nessa missão , a 24 de janeiro de 1925 acampou ás margens do  Rio Pardo já próximo ao Estado de Santa Catarina. O tenente e um grupo de revolucionários  e soldados do primeiro Batalhão Ferro Viário foram atacados pelas forças Legalistas, vindas de Palmeira das Missões -6 Corpo Auxiliar da Brigada Militar, que levou à morte de Portela.Assestaram metralhadoras, cujas rajadas levaram à morte trinta revolucionários,poucos escapando.Ali estava o revolucionário Theodomiro  Aristeu de Souza, pai do agropecuarista Gentil Aristeu de Souza, que relatou este acontecimento, assim narrado por ele:   entrincheirados ,no fragor  da luta ,disse” abaixe-se tenente que as balas vêm zunindo” e abaixou-se ,e o Tenente,de pé, foi atingido por um certeiro balaço .O Sr. Teodomiro ,agarrando-o, atravessou o rio a nado com ele nas costas.Era tarde de mais,pois,ele veio logo a falecer.O Sr. Teodomiro  desgarrou-se da tropa voltando a pé  para Santo Ângelo, durante 5 dias sem comer.
Fica no município de Pinheiro do Vale. Local onde se encontra o monumento  em homenagem ao Tenente Portela, sinalizado por 30 cruzes , representando os que ali morreram em combate. O local se reveste de valor histórico e ambiental, pois, está em local tombado pela Mata Atlântica  , às margens do rio Pardo e cercado pela mata nativa.

Ficou conhecido como o Cemitério dos Prestes. A comunidade expressa sua reverência ao Sítio Histórico através da solenidade anual realizada peLos  CTG e a Prefeitura, “O CANTO DOS BRAVOS”.
A ODISSÉIA E O FIM DA COLUNA PRESTES
Após a travessia do Rio Uruguai a Coluna seguiu em sua marcha em direção ao Estado do Paraná,  onde se uniram ás Forças paulistas dos Generais Isidoro Dias Lopes e Miguel  Costa, onde formaram uma só tropa.
Até foram sitiadas  pelas forças do General Rondon contra o Rio Paraná, que com um sorriso de índio ,disse:”eles estão presos como numa garrafa”, mas, por idéia de Luiz Carlos Prestes, eles quebraram o fundo da garrafa que era de vidro, atravessando o rio Paraná e incursando no território Paraguaio seguindo por uma parte desse pais,voltando para o Brasil pelo Sul do Mato Grosso.Foi uma marcha de 26.000  quilômetros , usando tática de guerra de movimento, sendo a maior do mundo.Do Mato Grosso passaram para Goiás ,Minas Gerais,Piauí, Maranhão e Ceará.Até o bandoleiro Lampião à soldo do Governo tentou lutar contra ela ,mas não a encontrou.Foi uma marcha gloriosa, que comportaria escrever muitas páginas  a respeito.
Conforme consta em sua biografia Mao Tse Tung se inspirou nessa marcha de um engenheiro brasileiro também, exilado na Rússia,  para criar  a sua Grande Marcha.História lida e contada pelo  odontólogo  Renato Pedro Lauermann.
Meu primo Coronel Ney Pinto de Alencar  me disse que consta na Bibloteca  da Escola Superior de Guerra do Exército que  Luiz Carlos Prestes ajudou a organizar a Defesa de Stalingrado.
Posteriormente a Coluna atravessou de volta o Estado do Mato Grosso,e após percorrerem 14 Estados do pais, num total de 26.000 Km,, seguindo o rumo da Bolívia  e nesse pais  emigraram, conforme consta no texto  da Ata que oficializou a emigração da Coluna  para a  Bolívia.
Luiz Carlos Prestes contratou a construção de ferrovias com o Governo da Bolívia. Com o dinheiro que foi recebendo pela realização desses trabalhos, ele foi mandando de volta para o Brasil seus soldados  exilados .
Durante o tempo em que esteve exilado na Bolívia, ganhou uma coleção de livros com a obra completa de Karl Marx. Gostou, e, após estudo, resolveu adotar a ideologia comunista, tentando, também implantar um governo comunista no Brasil.
Partiu para outro exílio na Argentina, acompanhado de outros,  como Juarez Távora, Cordeiro de Farias,Siqueira Campos,João Alberto e tantos mais revolucionários.Declinou de comandar a Revolução de 30 como”Cavaleiro da Esperança”, porque seu ideal agora era outro.
Este é um resumo da odisséia da COLUNA PRESTES  pelo Brasil afora, SEM NUNCA SER DERROTADA – INVICTA!

Ela sacudiu e alertou o Brasil para a grande evolução e melhorias sociais, que viriam a partir dos anos de mil novecentos e trinta!    



          
  

AS VIVANDEIRAS



Quase sem pré relegadas a segundo plano pela História, quando se trata de guerra,as mulheres são sempre lembradas pelo papel  secundário que desempenharam.Isso  é possível verificar até mesmo na Coluna Prestes, quando as  vivandeiras  marcaram a sua presença naquela marcha.
Numa entrevista ao Jornal do Estado de São Paulo Prestes  comenta a participação das mulheres, dizendo que durante dois meses em que estiveram em São Luiz Gonzaga muitas delas participavam dos acampamentos.Prestes sempre foi contra  e tomou medidas para  que nenhuma  delas atravessassem o rio.Ele foi uma das últimas pessoas  a fazer a travessia.Mas, verificou que quando chegou em Santa Catarina elas os esperavam com um almoço pronto...
A companhia delas foi fundamental em São Luiz Gonzaga, embora Prestes fosse muito militar para aceitá-las
Eram muito queridas e admiradas pelos  soldados .Ajudavam na cozinha, na enfermaria  e algumas delas  Chegaram a combater.Muitas delas vinham a informar sobre a movimentação dos inimigos.Algumas criavam confusões, pois, eram  poucas para tantos soldados.Se lançaram nessa aventura reservada aos homens.
Eram conhecias só pelos seus nomes  ,pois, não tinham registros.Eram a :Emília Dias, a  tia Manoela Gorda,Etelvina,a negra Maria, a Cândida, a Eufrásia  a Alzira e muitas outras, enfrentando as balas, os entreveros e socorrendo os feridos. Lástima não ter registrado o nome de todas.
Víamos  as nossas queridas  e valentes  vivandeiras  lado a lado de seus companheiros prestando  relevantes  serviços  aos destacamento  na opinião do Capitão.João Silva.,

Fizeram grande esforço para acompanhar a tropa. Este é um pequeno  relato do trabalho dessas anônimas  e valorosas heroínas. 

A GRUTA NOSSA SENHORA DE LOURDES-REFERENCIAL DE FÉ E A COLUNA PRESTES

Comentamos  a informação  de que ante o ataque iminente  á Coluna Prestes  acantonada em São Luiz Gonzaga , que se realizaria no dia 30 de dezembro de 1924 por 14.000 soldados  num círculo de ferro vindos de sete lugares  diferentes da região com intuito de esmagar esses 1.500 revolucionários ,e que, provocaria um  grande derrame de sangue fratricida  na cidade,e, em  consequência  disso  existe nessa localidade um forte referencial  obrigatório representado  pela construção de uma Gruta  em homenagem à Nossa Senhora de Lourdes.Inaugurada em  dezembro de1926.Esse  monumento foi em pagamento de  promessa de um grupo de senhoras da comunidade, e do então vigário Monsehor  Estanisla Wolski,, caso o sangue de irmãos não fosse ali derramado.Essa promessa  se concretizou  na construção de uma gruta , se baseou nas notícias da imprensa governista de que  o Anel de Ferro  dos 14.000 homens das tropas legais viria  aniquilar essa coluna.Como Prestes  rompeu o cerco  e seguiu adiante com sua Coluna Invicta a promessa foi cumprida e a gruta foi construída no lugar mais alto da cidade.
Não sabemos si este êxito  militar devemos ´atribuir ao  Gênio Mlitar DE Luiz Carlos Prestes,ou, si  houve uma  influência cósmica divina , também.Acredito no Auxílio Divino de Nossa Senhora de Lourdes para que tudo desse tão certinho assim.    

Que a “ Fé remove montanhas”                                Dessa luta fratricida
Não devemos duvidar.                                                São Luiz não ficou de fora
A historia que vou contar                                           Relembrando isso agora
Aconteceu, de verdade.                                              Me reporto à “vinte e três”
E foi em nossa cidade                                                  E lembro, mais uma vez,
Em Nossa São Luiz Gonzaga.                                      “Maragatos e Picapaus”
Um evento consagra                                                    Será que seriam maus
A fé em nossa senhora.                                               Ou apenas contendores?
Nossa senhora de Lourdes                                         Só sei que mandavam balas
Que Homenageamos agora                                       E nunca mandavam Flores





Nosso Pais vivia                                                             Luiz Carlos Prestes
Um período conturbado                                              Pos mais fogo na fogueira
Que atingia o nosso estado                                         E na região missioneira
Nosso Rio Grande do Sul.                                            Escolheu São Luiz Gonzaga,
De baixo do solo azul                                                    Para iniciar uma saga
E de noites estreladas,                                                 Que não conheceu bonança,
Ate altas madrugadas,                                                 O “Cavalheiro da Esperança”
“Maragatos e chimangos “,                                       Como ficou conhecido
De Assis de Medeiros,                                                Liderou muitos rebeldes,
Obedeciam os comandos                                          Mas viu seu sonho perdido.
Federalistas e Republicanos
Disputavam Posições.
Não chegavam a conclusões
E a guerra vencia a paz.
Quando olhamos para traz
Vemos sangue derramado
Dos filhos do nosso Estado,
Esquecidos que eram irmãos,
Destruindo o semelhante,
Matando com as próprias mãos



quarta-feira, 4 de outubro de 2017

UM COMÍCIO POLÍTICO EM SANTO ÂNGELO EM 1922

UM COMÍCIO POLÍTICO EM SANTO ÂNGELO EM 1922
Contei em artigo e livro anterior que, , quando,, Assis Brasil veio a Santo Ângelo em campanha política para eleição ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul, nosso avô Major Quirino Nunes Pereira, então delegado de Polícia de Santo Ângelo, garantiu a presença armada do piquete dos companheiros de Pedro Arão, vindos de Giruá, na no Quadro da Viação Férrea na recepção e chegada de seu chefe político, pois, o Coronel Bráulio de Oliveira exigira que ele fosse desarmá-los por ser uma ameaça à ordem pública, ao que ele se negara peremptoriamente, de vez que todo mundo andava armado...
À noite aconteceu um comício político em favor da candidatura de Assis Brasil, na frente do sobrado dos Birma de fronte ao Clube Gaúcho, em apoio de sua candidatura ao Governo do Estado. Enquanto os oradores se sucediam, um médico italiano aqui residente de cujo nome não me lembro,entrou á toda velocidade no meio da multidão com sua carruagem.Parou desceu e disse em altos brados gesticulando:È MENTIRA !  Imediatamente, os ânimos se exaltaram e os revólveres dos presentes  reluziram na note. Meu avô Quirino Nunes Pereira, que estava num baile no Clube Gaúcho com sua família, foi chamado às pressas para contornar a situação.
Subindo no Palanque, e, usando da palavra com sua presença austera, postura e personalidade patriarcal e calma, conseguiu acalmar os ânimos, fazendo com que todos baixassem suas armas colocando as nos coldres e o comício fosse normalmente retomado ate o seu final.
No outro dia ele foi à gare da viação férrea, assistindo e garantido de longe, com a sua presença o embarque desse Assis Brasil. Este perguntou a outros lideres partidários seus quem era este delegado de policia, de vez que numa ditadura às vezes se encontrava uma autoridade imparcial...
Passaram-se os anos e formou-se uma amizade. Quando Assis Brasil aposentou se, o convidou para ir ao seu palacete de Pedras Altas e ajudar a montar sua biblioteca.

Desse pequeno convívio surgiu uma grande amizade.

DESTRITO DO LAGEADO DO CERNE

DESTRITO DO LAGEADO DO CERNE
Foi fundado em 1942. É um distrito relativamente novo. Limita-se ao Sul com o distrito União, antigo São Pedro e Independência, ao Norte com Boca da Picada e Cristo Rei, Ao Leste com Lajeado Miquim, Ao Oeste com Linha do Campo e Sete de Setembro.
Seis Quilômetros de extensão Norte e Sul.
Quatro Quilômetros de extensão Leste e Oeste.
Em 1921 tinha 16 famílias pioneiras, são elas:
*Avelino Giovelli
*Santo Giovelli e Guilhermina, avós do Dr. Salomão
*Benjamin Gioveli e Arcanjo Gioveli
*Isidoro Giovelli
*Ludovico Gavilbr
*Família Coletto
*Família Pedro Romano
*Família March
*Família Colovini
*Família Brutt
*Família Righr
*Família Gelatti
*Família Rossini
*Família Bizonin
*Família Calegare
*Família Fabrício
*Família Bolzam
Famílias mais antigas como Mello e Corim.
Num pequeno prédio funcionava escola e igreja.
Em 1964 construíram igreja e clube.
Em 1992 construíram Ginásio e quadra de esportes, fundadas por Luiz Bolzan.
Mantém um Ginásio até a oitava série, de nome Sagrada Família.

As  famílias que formaram o distrito vieram todas de Silveira Martins, Cachoeira do Sul, Faxinal do  Soturno, Jaguari, Valle Venito e Ivorá.
Em 1977 houve a festa dos 100 anos de imigração Italiana.
Em 1991 houve a Festa de 114 anos, também, da Imigração Italiana, coordenada por Luiz BolzaN. Presença de seis mil pessoas. Missa rezada em Italiano com o conjunto de coral de Valle Venito, coordenada pelo Padre Marcuso.
As primeiras produções de Horti Granjeiros: Uva, queijo, ovos, galinha, porcos e seus derivados.Trocados todos por tecidos, remédios, querosene, sal, etc.,trazidos de carroça para a cidade, para a troca.
A comunidade se reunia em bailes e festas em casas de família e clube. Faziam Trocas de visitas.
Faziam Serenatas com músicas e cantorias que saiam com lampiões e que também, se iam a visitas noturnas aos visinhos.
Para chegar lá se vai pela estrada de Giruá eCerro Largo , entrando por um corredor à esquerda da faixa.
Este é o Distrito de Lageado do Cerne que eu conheci, e, muito visitei e trilhei  vendendo adubo e calcário há 60 anos atrás, por estradas de chão poeirentas  no verão e com atoladores no inverno.