PRISÃO , JULGAMENTO E ABSOLVIÇÃO DE ARTUR ARÃO
Desejando contar resumidamente o começo do fim de Artur Arão, o maior bandoleiro do noroeste gaucho , conforme conta Luiz Carlos de Mello em seu livro Artur Arão -Mitos e Verdades –
Após o término da Guerra do Xaco resolveu voltar para o Rio Grande do Sul vindo , através de Ponta Porã,, Paraná e Santa Catarina resolveu mudar de vida e ir morar na Argentina , com o último amor de sua vida , a Carmencita.Foi morar com ela numas peças que ele construiu junto da casa de seu pai em sua terra. Comprou uma junta de bois ,arado e sementes e começou a plantar..Mas, o triste destino de bandoleiro não lhe deu folga.A Gendarmeria descobriu o seu paradeiro., e , uma grande patrulha de gendarmes foram atrás dele. Teve de fugir para o Brasil atravessando o rio Uruguai de canoa,vindo desembarcar em Porto Mauá.Teve,então de reiniciar em sua vida de bandoleiro e assaltante.Comprou e foi trocando de cavalo com montaria.Foi procurar seu amigo o bolicheiro Ruivo.Teve de conseguir recursos à “sua maneira” para pagar uma dívida que tinha com o mesmo de cinco contos de reis ,pois, este estava em grande aperto financeiro.Precisou de voltar a assaltar nas estradas.A Polícia e Brigada, tão logo tomaram conhecimento de seu retorno para a região das Missões, iniciaram uma grande caçada.Em encontro com a brigada foi duas vezes baleado indo então a procura de seu irmão Pedro em São Miguel das Missões.Este acompanhou-o na fuga da polícia.Esconderam-se numa casa de pedra no meio do mato.Foram sitiados.Apontaram-lhes doze fuzis e lhes deram voz de prisão.O capitão Seberino ofereceu-lhe garantia de vida e respeito caso se entregasse.Ele aceitou e se entregou, pedindo a liberdade de seu irmão, que apenas o acompanhou, o que foi aceito.Foi conduzido ao presídio de Santo Ãngelo,preso.
Foi a julgamento iniciado as 10 horas da manhã o O Dr. Edgar Ramos, Juiz de Direito e Presidente do Tribunal do Júri, deu por início o julgamento, sendo escolhidos os seguintes jurados: Helmuth Schnepfleitner,Odão Felipe Pippi,Ricardo Sessêgolo,Arnaldo Dias e Oswaldo Demétrio Beck.Todos cidadãos distintos ,dignos e probos de nossa sociedade.O silêncio era absoluto, dava a impressão de que nem respirava aquela gente,empolgada pelo julgamento que iriam assistir Em todos os semblantes havia um ar de simpatia
Chamadas testemunhas, não apareceu nenhuma.
O promotor fez a acusação O Dr. Lucídio Ramos ,advogado de defesa , deputado do Partido Libertador, fez a defesa.Houve réplica e tréplica.Disse o Promotor :digne-se observar Meritíssimo,” o réu sorri com desprezo, parece debochar da majestade da justiça”!
Engana-se Excelência! Meu constituinte sorri tranqüilo,confiante na serenidade e pureza da Justiça – retrucou o Dr.Lucídio....
Terminados os debates, o juiz esclareceu aos jurados sobre o caso, formulando os quesitos a serem respondidos.
Pouco antes das 5 horas da tarde o Conselho de Sentença recolheu-se à sala secreta.Absolveram-no por 4 votos a um.
Em fim, apos de tanta infâmia, a Justiça de sua terra fez efetivamente Justiça.
Outros tempos, outros homens...!
Não apareceram testemunhas. Naquele tribunal não se julgava um homem, e sim uma vítima de uma época de infâmias, covardias e injustiças.
Enquanto seu pai era trucidado à margem brasileira do rio Uruguai, por assassinos do Brasil e da Argentina, ele permanecia imobilizado no hospital, vítima da tentativa de assasssinato . A sua propriedade foi invadida, dividida e o gado roubado.
A sua família espoliada e estraçalhada, passou a sobreviver só do próprio trabalho.
Findo os trabalhos , o Dr.Juiz de Direito, presidente do Tribunal, deu a seguinte sentença:
“De conformidade com a decisão do Tribunal do Júri, absolvo o réu Artur Alberto de Mello, vulgo Artur Arão, da acusação que lhe foi intentada , e em conseqüência, mando que seja posto em liberdade, dando-lhe baixa na culpa”.
Artur foi entregue ao quarto Regimento de Cavalaria Independente para responder pelo crime de deserção e desvio de armas.
Aí ,também, foi absolvido.
Foi,então morar no interior do município de Tenente Portella,às margens do RO Uruguai,onde iniciou a plantar junto de seus irmãos e trabalhar nessas terras.
Algum tempo depois, daí ele foi participar junto com seus irmãos do fatídico baile familiar , em Itapiranga, do outro lado do Uruguai, que lhe custou a vida.
A MORTE DE ARTUR ARÃO
Entre tanta versões relacionadas a morte de Artur Arão, está, - contada pelo empresário e aposentado Felício Schol, - da conta de que Artur Arão foi assassinado em Itapiranga, estado de Santa Catarina.
Não muito satisfeito com essa versão, - e como sou um contador de história e pesquisador, - telefonei para a escritora Cecília Maicá, residente em Giruá e profunda conhecedora desse caso.
Segundo Cecília, - que esteve em Itapiranga desenvolvendo pesquisas, - ela chegou a conclusão que de que a versão detalhada pelo escritor Luiz Carlos Mello em seu livro "Artur Arão", às páginas 429 e 430, ele foi morto por dois golpes de facão desferido por um rapaz de 18 anos num baile.
Essa versão é a mais aceita pelos historiadores e foi relatada por um vizinho dos irmãos Arão, senhor Geraldo Degliomini.
O fato ocorreu da seguinte maneira:
Artur Arão, então agricultor junto de seus irmãos Pedro e Júlio foi a um baile familiar em companhia de um deles em Itapiranga, Santa Catarina.
Muito mulherengo, pediu para um rapaz de 18 anos para dançar uma marca com sua esposa de 16 anos, tendo este concordado.
Dançando, cantou esta para ir à cozinha e fazer um mate gostoso para os dois tomarem juntos. O marido concordou , dizendo-lhe que “este era o último chimarrão que ele iria tomar.”
Quando Artur estendeu a mão para pegar a cuia o marido da jovem deferiu-lhe um golpe de facão na cabeça, partindo-a ao meio, expondo-lhe os miolos. Artur levou a mão para sacar o revolver 38, mas antes que pagasse o revólver recebeu outro golpe, no ombro decepando lhe o braço.
Artur ainda conseguiu dar alguns passos e saiu da casa, sangrando muito e com parte dos miolos expostos e, trambaleando, caiu entre alguns arbustos vindo a morrer em menos de uma hora.
O assassino, apelidado de “Pedro macho”, desapareceu na escuridão da noite.
Existem outras versões que informam que Artur Arão foi levado com vida para o hospital tendo sobrevivido por alguns dias, mas nada disso tem comprovação.
Artur Arão foi sepultado em um cemitério no município de Itapiranga, encerrando a história desse homem rural, vingador e bandoleiro que por muitos anos aterrorizou toda a região das Missões.
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