DISTRITO DE COMANDAI

OS DISTRITOS DE SANTO ÂNGELO
DISTRITO DE COMANDAI
MILONGA DO CANTO TRISTE
Nasci no pampa sem dono
Cresci com a alma inquieta,
A vida me fez poeta
Fazendo versos sozinho.
Em madrugadas campeiras
Eu sonhei com mil caminhos.
Sonhei também um cavalo
Que nunca pude comprar
E na ânsia de chegar
Logo ao próprio destino
Eu vi serem destruídos
Os meus sonhos de menino.
Brinquei nos trilhos do trem
Da velha Comandai
No mesmo trem eu parti
Pensando um dia voltar
Trouxe a guitarra como companhia
Na solidão eu gosto de cantar.
Se dizem que meu canto é triste
Respondo que pouco me importa.
Meu canto é feito uma esperança morta
Meu canto fica enquanto a vida corre,
Meu verso é lágrima – é dor
E eu vou cantando assim como quem morre
Minha milonga é sempre em Mi menor,
Meu mate é só pra mim.
Nessa tristeza um dia eu ponho um fim
E hei de encontrar o amor que estou buscando,
Quando encontrar a china que procuro,
Quero de novo sentir que estou amando.
Aí, então, eu cantarei a vida,
Não deixarei nada pra depois.
Meu chimarrão será tomado a dois
E o meu porvir será de novo risonho.
Me tomaram tudo, mas eu sou poeta,
Continuo vivo e dono dos meus sonhos.
CLAUDINO DE LUCCA
I
Comandai é o maior dos remanescentes distritos rurais do município de Santo Ângelo no Rio Grande do Sul. Foi criado pela Lei Municipal 388 de 1978. Situa-se a nordeste do território com uma área de 105,90 km quadrados com população de 373 habitantes (censo de 2010). Faz divisas com Sossego, Rincão dos Meotti, Rincão dos Roratto, Giruá e Catuípe. As primeiras famílias a se instalar na localidade chegaram à década de 1920. Alguns dos primeiros moradores foram o comerciante e fazendeiro muito rico José (Juca) B. da Silva, pai de Dario Silva, grande amigo de nossa família e meu amigo, e avô do dentista Luiz Carlos Silva. José era um homem muito estimado na região e na cidade.
Policarpo Oliveira cujo sobrado, faz pouco tempo, ainda estava de pé.
Onésio Belmonte Araújo pai do tradicionalista Edgar Araújo e seus irmãos, avô de Beto Araújo.
Nico Correa, morador antigo do distrito.
Augusto Copetti, pai de meu amigo Abílio Copetti e tio do ex-vereador e correligionário Virgilio Copetti.
O ferreiro Abel Lucca, pai de Jandira Simon, Claudino Lucca, grande poeta e declamador, João Carlos, Ana Maria, Luiz Carlos, Tina, Maria de Lourdes, e Tia Terezinha. Abel Lucca veio para a cidade para proporcionar melhores condições de educação para seus filhos. Aqui teve que começar a vida de novo. Venceu, criando e educando grande número de filhos. Fazia as ferragens para as construções de meu irmão Eng. Jose Carlos Rousselet.
Armando Lunardi, comerciante, filho de Torquato Lunardi, pai do Dr. Lunardi e avô do médico Maurício Lunardi. Seu filho tinha uma casa de comércio não Bairro Colmeia.
Fazendeiro Simão Chagas.
Comerciante Laurindo Pícolli, pai do agrônomo José Andre Picolli, fiscal do Banco do Brasil e lavoureiro de trigo e soja.
Claudino Picolli, pecuarista e pai de Edgar Pícolli, meu ex-colega, empresário, pecuarista e ex-diretor da Cotrisa.
Agrimensor e lavoureiro Ângelo Ferrazza.
O escritor e historiador Mário Simon, lá plantou trigo e soja junto com seu pai Augusto Simon e o agropecuarista Strapasson.
Os agrônomos e advogados José e Antonio Mello foram quem introduziram o Método Voisin de criação de gado e plantio direto em todo o Rio Grande do Sul e boa parte do Brasil.
Lavoureiros Hugo e Roberto Hass ali plantavam. Alfredo Leopoldo Fett e Frederico Orthmann foram pioneiros na plantação de tungue. Plantaram trigo e soja. Aos 86 anos ainda plantaram eucalipto e cana.
A Cotrisa instalou uma unidade na localidade e encampou uma pequena cooperativa que lá existiu.
O distrito possui o CTG A Volta dos Farrapos.
Em primeiro de novembro de 1928 inauguraram a Rede Ferroviária que corta o distrito, construída sob a administração de Luiz Carlos Prestes. Esse fato foi
de grande relevância, pois, desenvolveu bastante a economia local e regional. O ramal ficou conhecido como “Ramal de Ouro”, em razão da grande quantidade de mercadoria que transportava. A estação ferroviária sempre foi destaque, reunindo grande número de pessoas toda vez que o trem de passageiro ali chegava.
Existe lá uma das nascentes do arroio Itaquarinchim, a cascata do Comandai e o Balneário Cristal são pontos turísticos e local de acampamentos. Havia também o time de futebol Ipiranga Futebol Clube que costumava disputar partidas com os clubes da redondeza em memoráveis excursões feitas na boleia de antigos caminhões.
Ainda hoje é possível ver a antiga olaria do Sr. Stangler que teimosamente resiste ao tempo.